quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pedra no Rim - A alimentação influencia?

A litíase renal, nome científico da formação de cálculos (pedras) renais pode ter vários componentes que contribuem em conjunto para o aparecimento do problema.
Desde a genética, indiscutivelmente envolvida numa porcentagem de casos, até alterações específicas do metabolismo de alguns dos minerais com que o organismo trabalha (sempre o mais lembrado é o cálcio, mas o mais comum é o oxalato, que por sua vez pode ser o oxalato de cálcio).
No meio desses fatores, contudo, existem 3 elementos importantes e que não têm muito a ver com genética ou alterações sofisticadas de metabolismo, que teoricamente são fatores mais difíceis de alterar. São, ao contrário, fatores cuja alteração é possível com o comportamento do paciente que apresenta os cálculos: excesso de peso, uso excessivo de sal na alimentação e baixa ingestão de líquidos.

O excesso de peso, que pode ser combatido com dieta e atividade física, influencia diretamente a função renal. A obesidade tem uma grande chance de se acompanhar com excesso de ácido úrico, que é eliminado na urina e dependendo da sua concentração e do pH da urina pode, por si só, precipitar e formar cálculos.

O sal é outro vilão importantíssimo. Sua sobrecarga não apenas desequilibra todo o metabolismo dos minerais com que o rim trabalha, mas também afeta o sistema cárdio-vascular, notadamente a pressão arterial, diretamente relacionada com o controle renal.
O excesso de sal nos alimentos industrializados tem sido uma das maiores preocupações no primeiro mundo, através das autoridades de Saúde Pública desses países. Para que se tenha uma idéia, o sal tem sido considerado mais prejudicial do que o colesterol, gorduras trans, etc.
É um inimigo silencioso e invisível.

Para orientação geral os alimentos mais salgados, com os quais devemos ter cuidado e reduzir o seu consumo ou moderá-lo judiciosamente:
  • Salgadinhos industrializados e bolachas salgadas (amendoim, batatinha, castanhas, massinhas, etc.);
  • Embutidos (salsichas, lingüiças, frios em geral, queijos amarelos, etc.);
  • Carnes industrializadas (defumados, carne-seca, carne de sol, bacalhau salgado, etc.);
  • Enlatados (fiambre, feijoada, patês, molhos de tomate, legumes enlatados, etc.);
  • Azeitonas, picles, palmito, aspargo, catch-up, molho de mostarda, shoyo, etc.

O consumo de leite e derivados, por sua vez, não deve ser abandonado por decisão exclusiva do paciente. Nem sempre isso resulta em benefício; muitas vezes em prejuízo nutricional desnecessário e inócuo pelo tipo de litíase. Consulte seu médico antes.

Mais efetivo do que isso é não abusar de suplementos alimentares, muito em moda nas academias hoje em dia, evitar doses excessivas de vitaminas (notadamente a vitamina C – ácido ascórbico) que podem alterar muito a composição urinária. Nessa mesma linha estão os “isotônicos” com grandes quantidade de minerais, nem sempre tão necessários na grande maioria da atividade física habitual das pessoas (em que efetivamente eles não seriam tão consumidos a ponto de justificar a sua “reposição”).

O oxalato que participa da maioria dos cálculos urinários pode ser controlado evitando alimentos em que ele é abundante: refrigerantes, frutos do mar e mariscos, chocolate, sementes oleaginosas (castanhas, nozes, amendoim, etc.), espinafre e tomate (em excesso).

Por fim o grande vilão dos cálculos urinários é a urina concentrada, que tem a missão de carregar uma quantidade enorme de metabolitos para fora do nosso organismo num meio líquido muito concentrado, sem volume suficiente para a sua diluição.

As pessoas sempre perguntam quanto tomar de líquidos: a resposta não é quanto tomar apenas em números absolutos. A quantidade é aquela necessária para manter todas as micções com urina clara ou de um amarelo muito suave e clarinho. Essa é a melhor medida para aferir se estamos nos hidratando corretamente.