"Prioridade para a sífilis congênita?
Em 1992, o Ministério da Saúde do Brasil assumiu compromisso, junto à Organização Mundial de Saúde, de eliminar a sífilis congênita, em terras brasileiras, até o ano 2.000.
Deu em nada.
Ao longo desses 20 anos (vinte anos), por várias vezes profissionais do Ministério da Saúde discursaram apontando a sífilis congênita como um sério problema de saúde pública no Brasil, mas nada de eficiente foi feito.
Em 8 de fevereiro de 2011, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, definiu três prioridades nas políticas de DST, aids e hepatites virais: o ministério faria o que fosse necessário para dar mais segurança e sustentabilidade aos tratamentos, além de reformular ações de diagnóstico precoce desses agravos, especialmente da sífilis. Disse mais: “Não faz sentido o Brasil, que conseguiu tanto sucesso no controle da transmissão vertical do HIV, não conseguir controlar a sífilis congênita”.
Por fim, o ministro referendou o compromisso assinado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, com os movimentos sociais. “Será o programa de governo para o Departamento de DST, aids e hepatites virais. A Cnaids e a sociedade civil são muito importantes no monitoramento da execução desses compromissos”, asseverou.
Estes dados estão documentados em: http://www.aids.gov.br/noticia/ministro-padilha-define-tres-prioridades-nas-politicas-de-dst-aids-e-hepatites-virais
Um ano depois, não conseguimos identificar ações efetivas e contundentes no combate à sífilis congênita.
Por que ministros de Estado, no Brasil, não cumprem o que falam?
Apesar de o ministro ser médico, vale lembrar que sífilis congênita é a continuação, em primeira instância, da sífilis adquirida por homens. Vale ainda assinalar que não há qualquer comprovação, em estudos publicados em periódicos científicos, de que a distribuição de preservativos em sambódromos atue efetivamente na diminuição das DSTs.
Mauro Romero Leal Passos
Professor associado chefe do Setor de DST da
Universidade Federal Fluminense"