sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pedra nos rins e dieta

Os cálculos urinários, as famosas pedras nos rins (ou também litíase urinária), são um problema tão antigo quanto o próprio homem. E houve época em que esse problema já foi bem pior. Na idade média e renascença eram comuns grandes cálculos que se formavam ou iam parar na bexiga, por problemas nutricionais e falta de assistência e conhecimentos médicos abrangentes. 

Hoje quando um cálculo ganha a bexiga, o problema está praticamente resolvido, porque sua eliminação é quase totalmente certa e rápida, sem grandes traumas. 

A dor causada pelos cálculos é originada pela obstrução ao fluxo da urina. Os rins produzem urina constantemente e essa urina é transportada por dois tubos com movimentação rítmica até a bexiga. Os tubos, conhecidos com ureteres, são finos e além disso apresentam alguns pontos de estrangulamento natural, quando cruzam algumas artérias e veias, além da junção no rim e na bexiga, locais em que os cálculos podem parar e motivar uma intervenção médica para sua retirada. 

Os cálculos podem ou não se acompanhar de infecção.

Algumas perguntas e mitos são frequentes em relação ao assunto. 

A primeira coisa que se deve saber sobre os cálculos é que eles não são sempre iguais. Há um grande variedade de substâncias na sua composição e diferentes causas para a sua formação. Igualmente o tratamento dos cálculos não é o mesmo para todas as pessoas. 

A dieta pode ou não ter influência na formação dos cálculos. Para saber se ela pode influenciar a prevenção de novos cálculos são necessários testes de laboratório para analisar os diversos componentes potenciais dos cálculos. Nem só de cálcio são formados os cálculos. Geralmente o paciente com cálculos deverá observar a ingestão de menor quantidade de sal, diminuir o consumo de proteína  animal, as vezes os alimentos com cálcio e oxalato. Em alguns casos só a dieta não é suficiente e há necessidade de medicamentos. 

Mesmo nos cálculos com predominância do cálculo a dieta pobre nesse elemento pode não evitar a eliminação de grandes quantidades de cálcio na urina. Novamente os testes laboratoriais são fundamentais na orientação disso. Evidentemente que nesse meio tempo os suplementos e vitaminas contendo cálcio deverão ser evitados (sobrecarga desnecessária!).

Os alimentos que mais contém cálcio são os produtos lactéos (leite, queijos, sorvete e iogurtes). Mas ele também está presente em grandes quantidades nas sardinhas, salmão, ostras e no tofu. Outros alimentos são "enriquecidos" com cálcio como cereais e outros alimentos industrializados. Não se pode esquecer que há uma outra ponta da saúde pública e geral em que as pessoas perdem muito cálcio e tem osteoporose, falta de exposição solar, etc.  Vários medicamentos, de diversos usos e indicações também podem ter grandes quantidades de cálcio na sua formulação química. 

A osteoporose em dietas restritivas de cálcio de longa duração é quase certa. Ela implica em perda óssea e facilidade crescente de fraturas com o avançar da idade da pessoa. Nessa situação o nutricionista pode ser fundamental para equilibrar a dieta ideal. 

O oxalato é outro vilão na formação dos cálculos.  Mas nem sempre há necessidade de limitar a sua ingestão. Muitas vezes isso não só não é necessário como também pode não trazer nenhum benefício. Quando a restrição é indicada o paciente deve ficar longe do espinafre, ruibarbo, beterraba, morangos, farelo de trigo, nozes, manteigas em geral, nabo, pepino, tomate, entre outros. 

O sal também é um inimigo de quem tem cálculos. Ele por si só faz aumentar muito, quando em excesso, a eliminação do cálcio na urina. O consumo em excesso do sal alimentar pode inclusive antagonizar ou anular o efeito do diurético tiazídico,  prescrito para ajudar em alguns tipos de calculose urinária.

De outra maneira alguns alimentos, interessantemente, protegem contra a formação de cálculos urinários, citando-se entre outros: arroz, batatas (exceto batata doce), clara de ovo, margarina, óleos vegetais, mel, maionese, bolachas de água e sal, frutas como abacaxi, uva, melancia, pera e cereja 

Vitaminas e cálculos -  aqui entra um grande problema na atualidade. Não apenas as vitaminas, mas os complementos alimentares e os isotônicos. Todos são tidos como "saudáveis". Redondo engano. Na grande maioria das situações o seu uso expõe  a pessoa a uma sobrecarga totalmente desnecessária aos rins da pessoa na sua eliminação. A indicação do uso dessas substâncias deve ser criteriosa e diante de real necessidade. Das vitaminas, praticamente todas as do complexo B não tem efeito na formação de cálculos. Já as vitaminas D e C, óleo de fígado de peixe e todos os suplementos alimentares tem uma influência grande a favor da formação de cálculos. 

Por fim e como item mais importante está a ingestão de líquidos, normalmente a água. Não há um número mágico. A melhor maneira de saber se a quantidade de líquido ingerido está adequada é a cor da urina que deve ser de um amarelo bem clarinho e nunca um amarelo escuro ou forte. A necessidade de água aumenta com o clima quente e atividade física, para compensar o metabolismo aumentado, suor e perdas insensíveis pela respiração. 

Raramente há necessidade de escolher o tipo de água a ser consumido. Poucos lugares no mundo tem águas com restrição em relação a sua composição eventualmente rica em minerais que poderiam atuar desfavoravelmente no paciente propenso a formar cálculos. 

Se você teve um cálculo lembre-se de alguns fatos importantes: analisar a composição do cálculo recuperado (coar a urina quando tiver crise renal) é fundamental;  exames que compõem o seu perfil metabólico são também muito importantes. 

Metade das pessoas que tiveram um cálculo sem medidas preventivas e estudo adequado irão apresentar novos cálculos num prazo máximo de 5 a 10 anos.

Consulte seu médico.