segunda-feira, 8 de abril de 2013

HPV - Transmissão sem relação sexual tradicional.

Na semana passada o jornal Folha de São Paulo publicou com grande destaque a possibilidade de contaminação com o HPV sem a necessidade de uma relação sexual convencional (com algum tipo de penetração). 

O fato não é novo. No ano de 2010 pesquisadores renomados na área de estudo do HPV, incluindo vários envolvidos com o desenvolvimento da sua vacina, publicaram um trabalho comprovando a contaminação dos dedos (na região embaixo das unhas) de pessoas que já portavam o HPV nos genitais. 

Isso já era suposto há algum tempo por vários especialistas e esse trabalho utilizando a detecção por técnicas de DNA comprovou essa suspeita.

Dessa maneira o contato das mãos num e noutro genital, que é bastante comum, entre todos os tipos de casais pode, sim, ser um meio de contagio do vírus. 

E seria mais um fator para explicar o porquê do preservativo não representar uma proteção de 100%, juntamente com a proteção precária na base do pênis do homem, região em que termina o preservativo.

Mas não se apavore, porque a transmissão é bem menos comum do que aquela verificada numa relação comum, de contato intenso entre uma mucosa e outra entre todos os tipo de parceiros(as) sexuais.  



Fonte:

Winer et al. Detection of Genital HPV Types in Fingertip Samples from Newly Sexually Active Female University Students .Cancer Epidemiol Biomarkers Prev; 2010; 19(7); 1682–5. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

HPV e Vacina - situação no Brasil

Atualmente existem duas vacinas em uso no mundo todo, inclusive no Brasil. A bivalente (contra os HPVs de alto risco 16 e 18) e a quadrivalente (contra os HPVs 6, 11, 16 e 18).

Lá fora essas vacinas têm nome comercial : Cervarix  e Gardasil. No Brasil vacinas não podem ter nome comercial. 

As vacinas tem indicação na mulher e no homem.  Toda a filosofia inicial foi combater o HPV e Câncer do colo uterino (99% desse tipo de câncer tem o HPV como causador).  

O HPV, no entanto, também causa o condiloma acuminado ou verrugas genitais, um problema bastante sério para quem o apresenta. As verrugas são contagiosas para os parceiros sexuais de ambos os sexos e também para a própria pessoa (auto-contaminação de uma lesão para novas, ao lado, geralmente em tempos diferentes - na prática "um vai e vem" de lesões). 

Para o condiloma os tipos mais envolvidos no mundo todo são o HPV 6 e 11. 

O homem é vetor do vírus.  É o transmissor potencial, embora a mulher também transmita o vírus. O meio mais fácil de transmissão é o contato sexual.  O homem transmite mais. Supondo um homem portador de lesões, a chance de transmissão  para a mulher, numa única relação, fica em torno de 60%. Já o contrário, uma mulher com lesões para um homem, numa relação única a chance fica em torno de 40%. 

Homens, portanto, se beneficiam do uso da vacina quadrivalente. 

A indicação em bula é, no aspecto profilático original, para homens entre 9 e 26 anos.

Algumas indicações, chamadas "off label", fora da bula aplicam-se em casos específicos e estão sob estudos. O efeito que está sendo estudado, mesmo em quem já teve contaminação do HPV é em relação ao bloqueio da auto-recontaminação ou contaminação com outro tipo de HPV, diferente do que a pessoa se contaminou inicialmente. Cada caso merece estudo individual e aconselhamento urológico especializado. 

No Brasil ambas as vacinas estão licenciadas e são comercializadas  para homens e mulheres.

Ela ainda não está no rol das vacinas oferecidas pelo Serviço Público, o que não acontece num grande número de países europeus, Austrália, etc. 

As vacinas são encontradas em clínicas de vacinação e grandes laboratórios que tem setores de imunização. 

Algumas experiências isoladas, no entanto, já foram colocadas em prática em algumas cidades brasileiras, com a vacina quadrivalente:

1 - Barretos   -  em 2010/2011 - Vacinação escolar  em 1.377 meninas do 6o. e 7o. anos do ensino fundamental.

2 - Campos de Goytacazes, RJ - em outubro de 2010 - Vacinação escolar e Postos de Saúde - 17.000 meninas (11 a 15 anos nas escolas)  e mulheres jovens (9 a 26 anos  todas HIV +). 

3- Taboão da Serra, SP - em setembro de 2012 Vacinação Escolar - Meninas e meninos entre 9 e 13 anos num total de 1.500 adolescentes.

4 - São Francisco do Conde, BA - em março de 2011 - Vacinação escolar - 1.500 meninas de 10 a 14 anos.

5 - Distrito Ferderal, Brasil -  em abril de 2013 - Vacinação escolar - 65.000 meninas nascidas entre 1o. de janeiro de 2000 até 31 de dezembro de 2002. 

Algumas áreas do Brasil apresentam um alto índice de Câncer de Colo do Útero, a frente do Câncer de Mama, que prevalece no mundo inteiro incluindo o sudeste e sul do Brasil. Pernambuco / Recife apresenta índices alarmantes de prevalência e incidência de infecções pelo HPV e do câncer correlacionado. 

Vacinas são um instrumento fundamental em Saúde Pública, tanto quanto água limpa e saneamento básico, um trio que vale por dezenas e dezenas de hospitais... Isso é sabido no mundo inteiro. Menos na cabeça de alguns dirigentes por esses lados ao sul do Equador.

O que é uma lástima.  Diminui-se o imposto de tudo (carros, equipamentos, computadores, alimentos, luz etc), menos o imposto de remédios, vacinas, livros, etc. Decerto são artigos de luxo para os brasileiros.  


Parafimose

Parafimose é uma condição relativamente comum em jovens adolescentes e mais raramente jovens adultos, não circuncidados em que o prepúcio, a pele que recobre a glande (cabeça do pênis) é retraída, puxada para trás e assim deixada,  evoluindo com edema (inchaço) no local o que impede a sua volta para frente, impossibilitando que a pele inchada volte a cobrir a glande. 

É uma situação que pode ocorrer por manipulação prolongada, colocação de piercing e outras situações em que a pele fique longo tempo retraída. Geralmente ocorre nas pessoas em que essa retração, em condições normais, já exige um certo esforço, ou seja o diâmetro da pele é um tanto quanto apertado, seja na ereção e até mesmo no estado de flacidez do pênis. 

A parafimose exige intervenção médica para sua reversão. Se não for feito nada os tecidos podem evoluir para o sofrimento, estrangulamento da glande e perda de tecido, por baixa oxigenação local. 

Geralmente o procedimento pode ser realizado sob anestesia local e exige algumas manobras urológicas específicas. 

A parafimose é diferente de fimose.  Nessa última o prepúcio mostra uma impossibilidade total de descobrir, de ser retraído, puxado para trás e possibilitar a exposição da glande.  A fimose pode ser total  quando verificada no estado de flacidez do pênis ou parcial quando se verifica apenas no estado de ereção.

Fimose requer cirurgia  - postectomia ou circuncisão.  São as mesmas cirurgias aplicadas nos casos de excesso de prepúcio (excesso de pele) que  vai e volta para trás e para frente, sem nenhum impedimento (não há estrangulamento ou dificuldade nesse movimento).  Geralmente no caso do excesso de prepúcio a cirurgia é indicada em adultos jovens ou mesmo homens mais maduros, quando os mesmos começam a apresentar infecções locais recorrentes (infecções por fungos, bactérias, etc. que vão e voltam com certa frequência).  Com a retirada da pele que recobre a glande e a parte de baixo da coroa da glande, toda essa região apresenta um "engrossamento"  da pele/mucosa local, diminuindo a umidade e deixando a pele mais grossa e forte (tecnicamente mais queratinizada), o que praticamente elimina o desenvolvimento de infecções no local, que também fica sempre mais limpo,  restos de urina, sem secreções e odores.