Entrevista concedida ao editor Giuliano Agmont da Revista “HPV
News”, último número, a respeito de um estudo sobre doenças sexualmente
transmissíveis em seis capitais brasileiras, publicado em 2008, com a
cooperação da Alemanha, que gerou um livro com tiragem de 4.000 exemplares para
todo o país:
PREVALÊNCIAS
E FREQUENCIAS RELATIVAS DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM POPULAÇÕES
SELECIONADAS DE SEIS CAPITAIS BRASILEIRAS. Programa Nacional DST/AIDS / MS. 2008.
Sob os auspícios da agência GTZ
–Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha
1 Qual a importância
desse levantamento?
Homero Guidi (HG):
Num país em que os dados de saúde são muito precários, salvo
algumas exceções honrosas, qualquer levantamento com metodologia séria é bem
vinda. Na realidade a falta de dados na
Saúde Brasileira constitui um dos “anti-pilares” do nosso sistema: como
planejar e investir se não sabemos no quê, em quanto, de que maneira, onde,
etc. Para o leigo fica fácil explicar isso. Tomemos um exemplo de instituição
de saúde de excelência no país: o Incor,
Instituto do Coração de São Paulo. O problema de saúde do país não seria
resolvido se toda cidade média ou grande no Brasil contasse com um Incor,
exatamente igual ao original. O motivo é obvio: nem só de doenças cardíacas
carece a saúde do brasileiro. Há desde as verminoses, as hérnias, acidentes,
apendicites e doenças sexualmente
transmissíveis (DST) até o câncer.
Onde, como e quanto
investir?
Se considerarmos outros países ficamos muito atrás nesse
ponto. Tomemos por exemplo os países
escandinavos que tem o histórico de saúde de toda a população e, hoje, se dão
ao luxo de estudar um determinado assunto levantando dados de toda a população
nos últimos 50 anos. Sim não são cinco,
são 50 anos!. A primeira desculpa que vem a mente de todos é a questão do custo
dessa organização toda. Balela pura. O primeiro custo da organização é o
comprometimento de todos que querem ser organizados. Isso vai muito além do
recurso financeiro propriamente dito.
Temos um sistema econômico e financeiro
brasileiro eficientíssimo nos mesmos moldes – instituições governamentais e
privadas, todas unidas e engrenadas para funcionar perante o cidadão e o seu
CPF. Nenhum calote passa despercebido...
Nos países nórdicos o indivíduo recebe um “CPF” único para o resto de sua vida
representado pela sequencia numérica da sua data de nascimento e uma numeração
que identifica a ordem de registro do mesmo. Isso apenas para começar. Todas as
doenças são notificadas e registradas e sempre que necessário sabe-se
exatamente em que tipo de recurso de saúde há necessidade de cada centavo
disponível para o investimento. Onde há mais e menos necessidade?
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