Termos urológicos sem segredos

Compreender minimamente os órgãos e regiões anatômicas, funções é fundamental para um bom aproveitamento na sua consulta urológica.

Aqui estão listados os termos principais da nossa especialidade. Não seguem a ordem alfabética mas seguem a ordem anatômica de alto a baixo do organismo.

Adrenais - são duas glândulas, como dois chapeuzinhos triangulares, que ficam na parte de cima dos rins. São importantes no controle dos sais do organismo e mesmo na produção de corticóides naturais do nosso corpo. Apesar do seu pequeno tamanho apresentam grupos celulares distintos, altamente especializados na produção de substâncias vitais ao bom funcionamento do organismo.

Rim - são dois órgãos em forma de feijão, cujas artérias curtas saem diretamente da aorta, nossa principal artéria, na sua porção abdominal. Os rins são dois grandes “filtros” do organismo. Filtros inteligentes porque não apenas separam o excesso de líquido no sangue, mas controlam a eliminação das impurezas, substâncias finais de muitas reações orgânicas que não servem mais ao organismo, assim como também controlam os sais como o sódio, potássio, entre outros e uma infinidade de elementos químicos do organismo. O rim ainda tem um papel importantíssimo no controle da produção dos glóbulos vermelhos (feito na medula óssea) e também na regulação da pressão arterial (aquela que medimos no braço). O rim funciona em harmonia com o coração e os pulmões. Estão localizados na parte posterior do abdomem, na chamada região lombar, mais ou menos na altura de nossos cotovelos, quando deixamos o braço para baixo. São órgãos que ficam atrás do peritonio, a membrana que envolve todo o conteúdo dentro do abdomem, por isso esse espaço é chamado retroperitonio. Eles ficam em íntima relação com dois grandes músculos que formam os lados de um triângulo ( chamados músculos psoas).
As vezes os rins podem ser pélvicos, ocupando a porção anterior e baixa do abdomem, geralmente em um dos lados, na mesma posição que geralmente são colocados os rins que são transplantados.
No transplante de rim em cada paciente utiliza-se apenas um rim, que é suficiente para as funções exercidas pelos dois. Pela mesma razão pacientes que nascem com um rim só, tem doenças em que um dos rins atrofia completamente ou mesmo doadores vivos para transplante, também vivem muito bem com apenas um dos órgãos.
A razão da colocação do rim transplantado na fossa ilíaca é a facilidade de fazer as ligações do tubinho da urina com a bexiga e dos vasos (artéria e veia) do órgão novo.

Rins artificiais são aparelhos que filtram o sangue (conhecido como hemodiálise) num processo complexo e trabalhoso. São aparelhos grandes com a circulação do sangue sendo feita fora do organismo e depois retornando ao paciente.

Ureteres - são dois tubos musculares, um a cada lado, ligando o rim à bexiga. Transportam a urina (mesmo que você esteja de ponta cabeça!) e, em condições normais não permitem a volta da urina que chega na bexiga (quando isso acontece, patologicamente, temos o refluxo vésico-ureteral ( da bexiga para o ureter e rim). Têm uma musculatura muito semelhante à da bexiga, principalmente na parte mais próxima desta, equivalente a parte final do ureter. Seu diâmetro fino dificulta a eliminação de cálculos (pedras) que se formam no rim. Além do seu diâmetros existem outros pontos que são obstáculos a essa eliminação espontânea, como a conexão na pelve do rim, o cruzamento dos vasos ilíacos e a conexão com a bexiga.

Bexiga – é uma bolsa de músculo que vai armazenando quantidades crescentes de urina, sem o músculo se contrair e até ficar cheia, quando envia sinais ao cérebro avisando que estamos com vontade de urinar. O revestimento interno da bexiga (a mucosa vesical) apresenta uma camada de muco especializado e protetor contra a acidez e os íons de potássio, principalmente, evitando efeitos irritativos da urina sobre a bexiga. Quando esse muco apresenta falhas em áreas localizadas podemos ter a famosa Cistite Intersticial . O músculo vesical, chamado detrusor, também é um músculo de características especiais pelas comunicações que existem entre suas células. Hoje sabe-se que ele tem uma série de propriedades funcionais altamente elaboradas, não se limitando a um reservatório, mas constitui um tipo diferente de interface neuro-muscular única no organismo. Todo o conjunto músculo-mucosa vesical, ademais, apresentam envelhecimento com alterações que começam a ser desvendadas pela ciência.

Uretra - é o canal que liga a bexiga ao mundo exterior. É a parte final do trato urinário. No homem é mais longa e na mulher é mais curta. Além de conduzir o xixi também apresenta áreas específicas que funcionam como nossas “torneiras” , tecnicamente esfíncteres que permitem ficarmos secos sem perder xixi continuamente.

Próstata - é uma glândula existente só nos homens, como se fosse uma pêra pequenina, localizada logo abaixo da bexiga, na saída da uretra. O canal do xixi passa no meio dela. A próstata produz o esperma, líquido que serve de transporte para os espermatozóides que são as células fecundantes do homem, produzidas no testículo.

Vesículas seminais – são duas estruturas que ficam logo atrás da próstata e que funcionam como “depósito de esperma” delas saem dois canais fininhos que passam pelo meio da próstata e desembocam na uretra, por aí passa também uma parte do esperma com os espermatozóides (são os dutos ejaculadores).

Deferentes - são dois canais bem resistentes que ligam as vesículas seminais/próstata até os epidídimos/testículos. Um de cada lado, dão a volta por trás da bexiga e descem pela região inguinal, ao lado interno da virilha. Transportam o líquido seminal com os espermatozóides.

Epidídimo – são dois órgãos cilíndricos que ficam na parte de trás dos testículos de alto a baixo deles. São muito ligados aos testículos pois são, na realidade um enovelamento de um único tubo onde os espermatozóides produzidos nos testículos sofrem algumas reações finais na sua maturação.

Testículos - são as duas glândulas ou gônadas masculinas, equivalentes aos dois ovários na mulher. Eles produzem os hormônios masculinos (testosterona) e também produzem os gametas do homem, ou células fecundantes do homem, chamados de espermatozóides.
Esses espermatozóides são microscópicos e estão diluídos no sêmem ou esperma, líquido que é eliminado no momento da ejaculação, no orgasmo. Eles é que “nadam” em direção ao óvulo da mulher quando o sêmem é depositado no funda da vagina, no trato genital feminino.
A mulher produz um óvulo por ciclo menstrual e o homem produz milhões de espermatozóides a vida toda.

Pênis - órgão sexual masculino. É composto por três cilindros chamados corpos (2 corpos cavernosos e 1 corpo esponjoso que contém a uretra - o canal urinário).
Os três cilindros são fortemente fixados à pelve e do estado flácido passam ao estado de ereção. Tem aspecto de esponja. Os pequenos “buraquinhos” ou celas, no entanto, são muito sofisticados pois apresentam um mecanismo semelhante ao de válvulas, controladas bioquimicamente, e que, em última análise, é que permitem a rigidez do órgão por tempo variável.
A “cabeça” do pênis, cujo nome técnico é glande, é uma extensão do corpo esponjoso e apresenta diferentes graus de queratinização (engrossamento do local - que, quanto maior, mais seco fica). A glande peniana tem um rebordo chamado corona ou coroa, onde geralmente são vistas pequenas glândulas normais em toda a sua volta, às vezes em fila única, às vezes em fila múltipla. Podem também ser maiores e exuberantes ( denominada “corona hirsuta”).
O orifício por onde sai a urina é chamado de meato uretral externo.
O restante do pênis, a haste peniana, é chamado de corpo peniano.
Prepúcio é a pele que recobre a glande. Na sua parte de baixo existe o “freio”, cujo nome técnico é frênulo.
O prepúcio em muitas culturas e religiões é retirado logo ao nascimento, o que se denomina circuncisão. A realização dessa cirurgia, sem finalidades religioso-culturais, leva também o nome de postectomia.
Fimose é a impossibilidade de puxar o prepúcio para trás, para expor a glande, permitindo a saída da glande para fora.
O excesso de prepúcio, prepúcio longo ou exuberante pode ocorrer na ausência fimose, e dependendo das condições locais e hábitos higiênicos da pessoa, pode não acarretar nenhum problema, por si só.

Hipospádia - Abertura anormal da uretra na face inferior do pênis, fora da ponta da glande, onde é o local normal. A abertura anormal pode aparecer em qualquer ponto da linha em que corre a uretra na parte de baixo do pênis. As vezes ela é no limite da glande (hipospádia balânica); às vezes pode se abrir na implantação do pênis, perto do escroto (hispospádia peno-escrotal). Também existem as epispádias que são aberturas anormais da uretra na parte de cima do pênis. São também malformações, mas felizmente mais, raras. Excetuando-se as hipospádias mais distais (mais perto da ponta do pênis) que não geram tantos problemas (na micção e função sexual) todas as outras são de resolução cirúrgica, geralmente na infância.

Ejaculação - eliminação do esperma ou sêmem, líquido que contém o meio de sobrevivência dos espermatozóides que irão fecundar o óvulo feminino.

Orgasmo - conjunto de sensações prazeirosas que culminam o ato sexual. No homem geralmente é acompanhado da ejaculação. São várias reações no organismo de duração variável mas curta.

Emissão - diz-se da eliminação do líquido seminal, de aspecto translúcido, que o homem elimina ao ficar excitado. Serve para mudar o pH da uretra e preparar a passagem do sêmem que tem pH básico ao contrário da urina que tem pH fortemente ácido.

Vasectomia - cirurgia utilizada para esterilização masculina. É realizada por via trans-escrotal com a secção e ligadura dos dutos deferentes de cada hemi-bolsa, interrompendo o fluxo de liquido seminal contendo os espermatozóides produzidos em cada um dos testículos.

Nefrectomia - cirurgia de retirada do rim.

Cistectomia - cirurgia para a retirada da bexiga.

Prostatectomia - cirurgia para a retirada da próstata. Diz-se radical quando retirada em bloco com a vesícula seminal e gordura peripróstática no tratamento do câncer prostático localizado. Pode ser aberta, por incisão abdominal, perineal por incisão no períneo e laparoscópica através de laparoscopia. Na cirurgia benigna, a hipertrofia prostática beniga, procede-se a enucleação da glândula central hipetrófica através de incisão abdominal através da bexiga ou pelo espaço retropúbico. A cirurgia endoscópica da próstata é realizada por ressecção através do canal uretral, com equipamento que vai retirando pequenos fragmentos do meio da próstata, refazendo o canal, alargando-o. Também pode ser utilizado equipamento que vaporiza a próstata ( Laser verde - GreenLaser) ou por radio frequência ou vaporização com alta corrente. Também são realizadas outras intervenções endoscópicas como uretrotomias entre outras.

Orquiectomia - cirurgia para retirada do testículo.

Postectomia - cirurgia para retirada do prepúcio em caso de fimose ou excesso de pele. Também pode ser denominada circuncisão, embora em alguns países a circuncisão seja uma intervenção ligada a um ritual religioso (Judaísmo e Islamismo), quando se observa determinada data na vida do recem nascido, etc.

Penectomia - parcial ou total, cirurgia em que se retira o pênis. No caso da penectomia total também se utiliza o termo amputação de pênis. Utilizada no tratamento do câncer avançado de pênis. A uretra é colocada em abertura construida no períneo.

Hidrocelectomia - Cirurgia para tratamento da hidrocele. Retirada e/ou eversão da túnica vaginal que recobre o testículo e com processo inflamatório crônico produz líquido escrotal em excesso.

Varicocelectomia - conjunto de cirurgias destinado ao tratamento da varicocele (varizes escrotais com refluxo venoso no plexo pampiniforme - veias do cordão testicular). São várias as técnicas e incisões.

Adrenalectomia - cirurgia de remoção das glândulas supra-renais ou também denominadas adrenais. Peuquenas glândulas triangulares localizadas nos polos superiores de ambos o rins.

Atualizado em 05/05/2011