quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Jeitinho brasileiro - deturpando princípios e obrigações constitucionais.

Um leitor, cliente e amigo, me escreveu discordando da minha posição sobre a "romaria" de ambulâncias, micro-ônibus e ônibus de outros estados e cidades longínquas, todos os dias ao redor do Hospital das Clínicas.

Acha que pelo porte do hospital essa é a vocação dele.

Não está errado; mas também não está certo.  Vários levantamentos internos mostram que muitos desses pacientes forasteiros não vêm tratar doenças raras ou extraordinárias. A maioria são casos medianos que poderiam  e deveriam muito bem ser provisionados em seus estados de origem, cidades e regiões.

Não se engane o leitor. As instituições de saúde terciárias, mais complexas, não apenas o HC,  fazem um trabalho insano e incansável para atender melhor o paciente mais grave, a doença mais séria, quem realmente precisa de atendimento super-especializado e não unhas encravadas, controle de diabetes leves, hipertensão arterial simples e assim por diante.

A política de comprar ambulâncias, e outros meios de transporte, na realidade é um jeito de burlar a obrigatoriedade de se investir X por cento do orçamento municipal em Saúde. A mazela é muito simples de enxergar e entender.

Vá construir um bom ambulatório ou um sistema de postos de saúde, integrados, um hospital municipal de nível secundário. Contratar médicos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde,  na própria cidade. Criar e administrar um sistema municipal genuíno (veja bem, não aquele condenado, que até ao vocábulo maculou...).

Ilusão! Poucas cidades, políticos e povo (sim, povo também),  com raça,  para fazer isso e manter.

Muita dor de cabeça, impossível simplesmente licitar, superfaturar e agradar o eleitor de inteligência curta, com algo de longo prazo, mas tão necessário!

Um exemplo fora da Saúde?

Muito simples, na Educação! Um exemplo bem simples.

Comprar calçados e mochilas para os escolares.  E continuar mantendo salários ridículos de professores, sem carreira, sem chances de melhorar sua qualificação. Escolas como verdadeiras taperas, ausência de recursos dentro da sala de aula e assim por diante.

Seria muito interessante, na minha visão (um desafio até!) que se fizesse um levantamento nacional para saber em que porcentagem de salas de aula do ensino fundamental e médio do País,  existe pelo menos um recurso a mais do que a lousa e o giz, hoje, em 2013. Depois de 13 anos do século XXI.
Vale até um retroprojetor, vá lá...

Melhor não fazer a pesquisa.

Calçados e mochilas, uniformes, tudo que é produto passa por concorrências e licitações.... Aquelas que todos conhecemos muito bem.

Não vou abusar da inteligência de quem me lê.

Numa mesma dimensão e filosofia isso é o mesmo que investir em saneamento básico.

Esgoto é obra enterrada que ninguém vê!  Não dá voto. Não agrada aquele eleitor que tem dois neurônios e um "mata-burros" entre os dois!

E estamos conversados!



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