sábado, 5 de janeiro de 2013

O que é o A.C.A. nos Estados Unidos

Se você acha o SUS uma porcaria ou acha que paga muito no seu convênio, convém se informar no que está acontecendo no resto do mundo.

Os países nórdicos possuem uma medicina totalmente estatizada e funcionante. E estão muito preocupados, mesmo com uma carga de impostos ao redor de 50% dos seus cidadãos, nunca questionado ou motivo de revolução social (imposto arrecadado, imposto transformado em benefício social...).

Os Estados Unidos tinham algo parecido.

O Brasil tinha algo que parecia funcionar para algumas classes até ANTES da revolução de 64, hoje "persona non grata", sem discussão.

O espírito do bem, contudo, foi sempre mantido, felizmente.

Em 1963 se esboçou o FUNRURAL, para assistir o trabalhador rural. Não vingou, adivinhe o leitor por quê - falta de contribuição de qual parte?  Empregador, empregado ou União?

A União, para variar.

Tínhamos, naquela época todos os Institutos de Assistência Médica (os IAPs) imagináveis,  por categorias ou outros critérios de agrupamento. Uns iam muito bem; outros beiravam a insolvência.

Em janeiro de 1967 foram estatizados todos os fundos de previdência no País. O problema eram as aposentadorias que não fechavam as contas dos IAPs (IAPS, IAPI, IAPC, IAPM, IAPB, IAPETEC, e mais um monte de siglas que cada pessoa mais velha na sua família conhece...)

A Saúde era um tema, não menos importante, mas secundário, no momento, Hospitais de Servidores Públicos, municipais, estaduais , federais, e tudo o mais, incluindo as Santas Casas e tudo o que se possa imaginar,  acabou numa vala comum.

Todos os fundos eram obrigados a manter o SAMDU - Serviço de Assistência Médica de Urgência. Imagine como isso funcionava. Algumas  ilhas de grande excelência, outras simplesmente inexistentes...

Para sua curiosidade , no Brasil, o Ministério da Saúde só foi criado em 1953, desmembrado do Ministério da Saúde e Educação, coisa muito parecida do que tinha sido legada por décadas por Oswaldo Cruz e outros pioneiros da Saúde Pública, o que não é menos importante, mas não é a mesma coisa (combate a endemias e sanitarismo, muitas vezes  praticado à força, diga-se).


Logo em seguida veio o  INPS e o INAMPS, Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social.  As coisas se confundiram. O INAMPS assumiu tudo o que era hospital público federal, estadual e municipal, com várias exceções e a Previdência Social.
Politicamente, uma legião de pessoas que nunca pagou aposentadoria passou a ter direito a mesma...

O sistema de previdência e saúde implodiram.

Principalmente o sistema de Saúde.

Foi então criado o SUDS, Sistema Único e Descentralizado de Saúde, gerido pelos estados da federação.  As verbas sempre foram erráticas e imprevisíveis. A corrupção correu solta. Até hoje confunde-se comprar uma ambulância ou transportar doentes, com investir num ambulatório, num pronto-socorro ou  construir/melhorar um hospital.

(Comentário pessoal  :  Eu que moro ao redor do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo fico enojado ao ver diariamente  as  vans, micro-ônibus e  até ônibus grandes,  estacionados mas redondezas, geralmente na parte baixa em direção à Pinheiros, com placas de cidades do nosso estado, de muito longe,  e de estados vizinhos, também de cidades bem longe do  Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e outros locais . É um absurdo. ).

Voltando à história...

Alguns estados da federação conseguiram grandes avanços mesmo que tenham sido apenas na aquisição irrefreada de ambulâncias e ônibus para transportar os doentes para os grandes hospitais...

Depois nasceu o SUS, consagrado na Constituição de 1989. Um sistema ideal, único no mundo, mas que exige, antes de tudo, honestidade dos políticos, nada mais.

Se houver honestidade e correção na aplicação dos recursos que devem ir para a Saúde, viramos exemplo para o mundo.


Mas pela história....
Um avanço e tanto. Em nenhum lugar no mundo, nada igual. Só que os nossos legisladores esqueceram-se de irrigá-lo.

Um Don Quixote, ainda vivo, que atende pelo nome de Prof. Adib Jatene, com voz de falsete, e que exala bem estar a uns 5 metros de distância da sua pessoa, conseguiu que se criasse a CPF (contribuição sobre as movimentações financeiras, o "famoso imposto do cheque", a princípio concebido para investimento na Saúde do país, o P era de PROVISÓRIO, vejam bem a idoneidade....).

Leda  ilusão (que, fora a ilusão, no mundo real, é o nome de filha amada e competente do Professor).

Esses recursos, para amargura do seu idealizador, foram usados para tudo, menos para o que se propunha.

O Brasil tem muito disso.

Herdou da corte portuguesa, que confundia o privado com o público, nosso maior defeito.

As rubricas originais nunca foram honradas.

Vide a nossa Presidenta, que para fechar o ano fiscal, no século XXI, usou de todas as manobras contábeis possíveis.

Se sair da Presidência com uma mão na frente e outra atrás, como se diz vulgarmente, não há de se preocupar, vai ser alguma  "Titular de Contabilidade" (a definir a cadeira, curso ou faculdade "amiga") na "mágica" de maquiar orçamentos....

Cuidado aos incautos e contribuintes bovinos, isso é apenas privilégio da alta administração; do contrário a Lei é impiedosa.

Mas voltando a Saúde, nos Estados Unidos da América do Norte, o   Health Care, o Home Care e todos os Cares existentes, que financiaram tudo, da melhor qualidade da Medicina, chegaram ao limite do seu  equilíbrio financeiro.

A Medicina ficou muito cara, inclusive pela sua judicialização (leia-se aqui , os processos legais,  muitas vezes, sem base alguma  e que apenas alimentam os advogados de ambas as partes e os respectivos seguros - litigância de má fé...).

Então o governo Obama, no primeiro mandato, não agora na reeleição,  propôs o A.C.A. - (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1213674  - link apenas para começar, se você estiver disposto....).

Em resumo, parte da assistência médica, caríssima, tem que ser sustentada pelos usuários e não por todos
os cidadãos. Eles discutem. Nós devemos aprender, porque aqui não se sabe discutir, sem a intervenção irreal ou passageira das coisas...

Mais uma vez a citação do Prof. Dario Birolini, Titular da Cirurgia e  Medina do Trauma, Chefe do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo,  no final,  "Morremos muito caros".....

É só para pensar e saber o que vai por aí, no mundo afora....

Pensar faz bem a todos, até a nós mesmos.
















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