quinta-feira, 18 de julho de 2013

Importação de Médicos e o Brasil

Lastimo profundamente que um assunto desses esteja servindo de cortina de fumaça para outros problemas mais sérios do País. Dedo de marketeiro, com certeza. 

Lastimo tratar disso num local e numa mídia que, por carinho, dissemino o pouco que sei ou vejo. Mas existe um conceito de cidadania que não fica quieto nesse momento.

Lastimo porque sou um médico, que com trinta e tantos anos, quase quarenta, vivendo no meio da "Saúde", não é míope. Todos esses anos não nos deixam, a ninguém, ter uma visão errada do que acontece, nem se eu fosse um burro completo ou um tanto deficiente mental (que, aliás, pode ser deficitário em tudo, menos ser burro, muitos são mais inteligentes do que muitos dos "normais", registre-se). 

Se a Saúde no Brasil vai mal, por falta de médicos, porque a Educação vai mal com sobra de professores???

Não precisa ser gênio para responder isso. 

O denominador é comum aos dois problemas. 

Não se dissociam recursos humanos de recursos materiais em Saúde, em Educação, em nenhuma atividade humana. 

Não adianta colocar um médico excelente num local sem instrumentos, não adianta construir prédios enormes vazios. Não adianta equipar com equipamentos do  bom e  do melhor prédios caindo, ou prédios novos sem que neles estejam pessoas que os saiba manejar e operar ou que para isso recebam  R$ 1.800 reais por mês. E por ai vai.

O que seria de um Prof. Jatene no Acre, sem uma boa UTI, sem um bom clínico, sem um centro cirúrgico.
Preciso me alongar na analogia?  Certamente que não. 

Para um verão são necessárias muitas andorinhas, sol e várias outras coisas...

Até num alimento na cozinha deve existir uma harmonia e equilíbrio ao fazê-lo. 
Não adianta encharcar o alimento com o melhor azeite português  ou servir o melhor vinho francês com pão seco e barato. Exagerar no sal ou na farinha...

Esse assunto todo me enoja, desculpem os leitores, os pacientes. 

Falta ao Brasil, faltam aos brasileiros, vergonha na cara de muita gente, sobretudo aos políticos, que deveriam ter apenas "uma" cara. Faltam-nos honestidade, comprometimento com a causa pública, verdade, faltam-nos menos falcatruas, menos negociatas, falta-nos vontade política legítima, falta trabalhar mais e fazer menos marketing.

Em toda a história, antiga e moderna, governantes sábios se serviram de notáveis nas diversas áreas da coisa pública. Conselheiros sábios.  

Aqui a Presidente da República do Brasil, no século XXI,  se reúne com seu assessor de marketing...

Isso dá bem a dimensão do seu respeito para com o povo, para conosco, os brasileiros. 
E ainda isso é dado a conhecer publicamente, com muita naturalidade.

Tudo o que nos falta não pode ser importado.
Tudo o que nos falta não pode ser comprado.


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