sábado, 15 de outubro de 2011

Hoje é o Dia do Professor

Hoje é o dia do Professor, 15 de outubro.

Provavelmente você não vei ver nenhum anúncio no jornal ou na televisão. Nem nas revistas semanais. Em apenas uma estará lá o ENEM, como uma mensagem emblemática da situação triste desse dia...
Não há muito que comemorar e a sociedade deve refletir bastante sobre isso.

Seguramente se o Brasil é um país otimista, o que está estampado em outra revista "da semana", deveria repensar esse assunto em que enveredamos pela contramão, ao contrário de vários países asiáticos e praticamente todos os do primeiro mundo que já fizeram e continuam fazendo a sua lição.

Nem sempre foi assim. Ser Professor já foi motivo de muito orgulho e responsabilidade. Já foi uma posição de respeito na sociedade e na comunidade.

Já foi uma profissão respeitada e da qual se podia viver dignamente, com uma perspectiva de vida, uma profissão única, em que não apenas alunos e pais eram conhecidos, mas os próprios professores eram conhecidos, pelo nome, sobrenome, família e tudo o mais.

Hoje os tempos são outros. Professor virou uma profissão “fora de moda”, um artigo descartável e barato. Ninguém mais, salvo escassas exceções, consegue  se sustentar com os salários aviltantes que a sociedade paga.

Virou um trampolim e um rito de passagem para outras profissões. É uma fase intermediária, “temporária”. Sim, para os que têm um pouquinho de memória, o próprio  sistema educacional cunhou o termo, em leis, decretos e resoluções  “Professor Temporário” para suprir as lacunas dos Professores Efetivos e concursados, estatutários.  Hoje a lacuna virou a regra, um grande rombo no tecido social.  O “CLT mágico” sempre foi mais barato e destruiu a profissão. O Estado economizou no que não devia, no que não podia e nem tinha o direito de fazê-lo.

Fizeram, da mesma forma, os seguidos governos em praticamente todas as esferas. Governos políticos, que se confundem com o Estado, terminaram por  usurpar obrigações básicas constitucionais que não podem estar sujeitas às políticas do momento, nem ser objeto de barganha e economia porca num dos pilares mais importantes  para a formação da Nação. 

Provavelmente esses governantes não foram bons alunos, pois de duas uma; ou não estudaram devidamente esses conceitos republicanos e democráticos; ou agem de reptícia má-fé. Talvez incorram nas duas situações, na ignorância dos conceitos de Nação, País, Estado e Governo ou propositadamente não os respeitem para descaradamente se locupletarem das posições a que foram alçados. 

O mesmo se vê na Saúde.  Seguirá o mesmo destino.

Depois de destruída a Educação, notadamente a pública, os mesmos governantes tapam o sol com a peneira. Lançam iniciativas ridículas para compensar a “divida social”, travestida de injustiça ou falta de oportunidades igualitárias aos alunos semi-letrados de um sistema inoperante. Criam-se os ENEMs, os ProUnis, as Cotas e outras asneiras.  Educa-se pelo decreto, Tenta-se recuperar a farsa a que esses jovens brasileiros estiveram expostos durante os anos mais férteis e propícios à educação. Não se aprendeu nada, não se ensinou nada.  O diploma do ensino superior ilusoriamente vai colocar uma pá de cal sobre o assunto.  Magicamente vai suprir, como num truque de mágica, o que não se aprendeu. Engenheiros, Médicos e quaisquer outras profissões que mal sabem falar o português, não sabem escrever, não sabem história, matemática. Sabem uma profissão, e às vezes tem a felicidade de exercê-la, ou em sua grande maioria agregam alguma coisa a mais (ou nada) a outras funções totalmente díspares. É como se o diploma da faculdade servisse de decoração na sala da casa.

Triste País. 

Triste sociedade que relega os seus professores a um papel secundário; mal remunerados e desvalorizados na sociedade. Em que seus professores tem até vergonha de declarar a sua profissão, ou o fazem se desculpando.

De minha parte, apesar de toda esses motivos para não se comemorar o Dia do Professor, fica, contudo a minha homenagem aos que me ensinaram o pouco que sou, desde o velho Grupo Escolar Brasil onde escrevi minhas primeiras letras e abri o velho “Caminho Suave” de Branca Alves de Lima, o “Castello Branco” de Limeira, O “Ely”... Lugares que marcaram a Educação Pública de qualidade de um tempo que não volta mais.

Minha homenagem a Dona Daicy, saudosa primeira Mestra, Martha, Elza, Vilma, Dora, Júlia, Paulina, Elza, Jacyra, Heitor, Helio, Haydeè, Nilo, Arlindo, Corina, Maria Flávia, Milton, Miguel, Dora, Cristina, Guzzi, Mário, Oscar, Doralice,  Cidinha, Maria Augusta, Caetano, Carlos, Alcides, Lia, Eduardo e todos mais que a memória não me ajuda agora, mas lá estão.

Vocês não constam nos nossos Curriculum Vitae, por uma formalidade injusta, mas constam, com certeza em nossas  trajetórias de vida na sua mais pura acepção e, sobretudo, na nossa gratidão.

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