sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DST’s - Estatísticas recentes

A conceituada revista médica Lancet trouxe um pequeno artigo, em um dos seus últimos números de março desse ano, a respeito das mais novas estatísticas sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) em jovens americanas.
Os dados foram apresentados na Conferência Nacional de Prevenção em DST de 2008 pelo US Centers for Disease Control and Prevention ( o famoso CDC).
De cada quatro garotas adolescentes ( 14 aos 19 anos) mais do que uma apresenta alguma DST ( entre as quais: HPV, Clamídia, Herpes vírus ou tricomonas).
As meninas afro-americanas apresentam ainda estatísticas mais estarrecedoras do que essa última: 48% delas tem pelo menos uma DST ( contra 20% das meninas caucasianas).
Na ponta do lápis isso significa um contingente de 3,2 milhões de meninas americanas com uma DST (apenas aquelas entre 14 e 19 anos !).


Desse total, que é exatamente igual a toda a população do Uruguai, por exemplo, 18% tem o HPV.
A primeira conclusão a que se chega é que, decididamente, o aspecto de prevenção vem falhando muito. Falhando grosseiramente.
O problema extrapola o aspecto clínico e médico, passa a ser um problema social com a necessidade de ganhar as manchetes da midia.
Os problemas previstos a longo prazo, além dos presentes, incluem um impacto incalculável na fertilidade dessas adolescentes e igualmente consequências imprevisíveis na incidência do câncer de colo uterino, sabidamente relacionado com alguns tipos de HPV.
A sociedade vem falhando com essas meninas. A falha começa em casa, se estende pela escola e….

De acordo com a Dra. Hilary Pert Stecklein, comentando o estudo, a solução está num tripé que inclui: a) as crianças devem ser educadas sobre a prevenção da gravidez; b) devem entender a realidade e consequências das DSTs, seu efeito sobre a fertilidade futura, seus danos silenciosos e, principalmente, que elas podem ser fatais e, por último, c) devem ser fortemente encorajadas a discutir e conversar a respeito de quando elas estarão prontas física e emocionamente para iniciar suas relações sexuais; aptas a decidir com maturidade e correção sobre as decisões certas envolvendo a sua saúde sexual presente e futura.
Comentando esse assunto com algumas pessoas ao meu redor, não foi sem tristeza que percebi a distância com que algumas delas olharam o assunto. Pareceu-lhes que isso é algo tão distante…

É pena que a nossa sociedade não se dê conta, inúmeras vezes, da situação igual ou muito pior que vivemos. Os flashes da opinião pública pipocam aqui e ali para fatos hediondos, descaradamente reprováveis, como o trabalho escravo, o tráfico de menores, o aliciamento para o trabalho sexual, etc. Mas o grande iceberg , submerso em nossa indiferença, esconde milhões e milhões de adolescentes que deliberadamente têm feito a coisa errada, optando por uma iniciação sexual muito precoce, por comportamentos sexuais errôneos e de alto risco. São vítimas da falta de educação sexual e, principalmente, vítimas da falta de diálogo familiar. Fora o aspecto pessoal, comparável a uma verdadeira bomba-relógio, essa legião da nossa sociedade vaga na desinformação e na doença silenciosa. Estão construindo uma fatura muito pesada, que um dia deverá ser paga pela sociedade.
O pequeno artigo da Lancet conclui com um pensamento do psiquiatra americano Karl Menninger : ” O que fazemos às crianças, elas farão para a sociedade ” .

Originalmente postado em 5 de Maio de 2008

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