terça-feira, 20 de setembro de 2011

HPV - comentários sobre alguns pontos fundamentais da virose

Originalmente postado em 21 de Janeiro de 2010
 
  • O HPV é um vírus de transmissão sexual. O uso do preservativo deve ser recomendado como método eficaz de prevenção para o HPV e outras doenças sexualmente transmitidas (DST).
Comentário - 60% da população geral tem comprovação laboratorial de ter tido contato com o vírus e o eliminou, sem lesões e sem seqüelas. 25% nunca teve contato com o vírus. Os 15% restantes se dividem em 1% com verrugas, 5% com lesões planas, muitas vezes só detectadas com peniscopia e colposcopia e 10% podem portar o vírus sem lesão (exames com material escovado dos genitais (pênis, vagina, colo do útero, ânus, etc., apontam a presença de DNA do vírus). Quando nos contaminamos todas as evoluções acima podem ocorrer. Quando existe a evolução para o aparecimento de lesões pode haver um período de incubação variável entre 1 semana e 1 ano em média.
Quando estamos na situação de presença do vírus sem lesão podemos evoluir para lesões (verrugas ou lesões planas) ou para a eliminação do vírus – entrando na estatística dos 60% da população.

  •A infecção por HPV por si só não é considerada uma doença e não existe tratamento contra o vírus somente para as lesões provocadas por ele

Comentário - Apesar disso podemos intervir nos sentido de melhorar a resposta imune do organismo. A prática clínica mostra que no nosso cotidiano as pessoas nem se dão conta do quanto trabalham contra si mesmas: dormindo mal, comendo mal, estressando-se em excesso mais do que o necessário, “neurotizando” a situação relacionada ao HPV (o que também trabalha contra a pessoa), não se exercitando, etc.
Tratamos as lesões diminuindo o tempo de eliminação das mesmas, mas a cura, o clareamento do vírus é feito pelo organismo, que pode ser ajudado, inclusive com as novas vacinas.

•Uma pequena proporção das mulheres infectadas apresenta infecção persistente, o que aumenta o risco de desenvolver o câncer cervical

Comentário - mesmo essa pequena porcentagem que apresenta os tipos de HPV mais agressivos podem não apresentar vírus com real atividade que iniba a p53 e RB, proteínas que nos defendem da transformação celular que leva ao desenvolvimento de câncer. Existe exame que determina essa atividade, medindo o risco do HPV de risco! No homem esse exame de atividade do HPV de alto risco tem pouca utilidade porque a chance de transformação maligna no pênis é muito pequena. Os cânceres de pênis são muito raros em termos estatísticos. Há necessidade de uma conjunção de fatores muito além do HPV em si. A higiene é um dos fatores primordiais no caso do câncer de pênis.

•Mesmo pacientes com um único parceiro sexual fixo devem realizar os exames preventivos, pois o vírus pode permanecer latente por muitos anos, até décadas


Comentário - Quem leu os fatos acima já chegou a essa conclusão em função das inúmeras variáveis de tempo e biologia do vírus. Além disso não existe nenhum exame ou prova biológica que possa elucidar o fator contaminação e tempo do vírus no organismo. Poucos casos têm uma história clínica de fatos lineares e conclusivos sobre quando, onde e com quem determinado paciente pode ter se contaminado. Mais importante ainda, esse tipo de informação não acrescenta nem muda nada em relação ao que deve ser feito e ao que pode acontecer em termos de evolução do HPV na pessoa. Não tem utilidade; pelo contrário idéias persecutórias e neuroses em torno do assunto só fazem baixar mais ainda as defesas imunes do organismo com o vírus.

•A maioria das mulheres que tem HPV não terá necessariamente alterações celulares ou câncer, mas todas devem seguir as orientações médicas para prevenção da doença.
•A infecção por HPV é muito comum, mas o câncer cervical é raro


Comentário - E, quando indicado, também seguir as medidas de tratamento. O HPV deve ser encarado como uma DST em ambos os sexos em primeiro lugar. A conseqüência na esfera do câncer ginecológico é relativamente rara e praticamente inexistente em quem se previne e se trata. No homem vale a mesma coisa – HPV é DST. A transformação celular com possibilidade de câncer de pênis é mais remota ainda, embora não impossível.

•Existe vacina para o HPV. Deve ser utilizada por mulheres entre 9 a 26 anos que ainda não iniciaram a atividade sexual. Mesmo as mulheres vacinadas devem continuar a fazer os exames preventivos, pois a vacina não previne contra os tipos de HPV menos comuns.

Comentário - A introdução da vacina deverá determinar um impacto muito grande a médio e longo prazo na incidência de câncer de colo uterino. A prevenção contudo deve ser mantida não só pelos tipos mais raros, mas por uma questão de segurança em relação a outros tipos de doenças e mesmo cânceres de outra linhagem. Mulheres jovens e sexualmente ativas devem ser acompanhadas em relação a outras DSTs que podem influenciar na sua saúde geral e reprodutiva (como é o caso da Clamídia, que passou a ser de rastreamento obrigatório nos Estados Unidos). A vacina também está sendo utilizada em homens com a mesma indicação e especial interesse em evitar as lesões verrucosas que mesmo nos países mais adiantados têm exibido uma curva ascendente preocupante na sua incidência, com mais e mais casos anualmente. Além disso, existem evidências de que ela possa ter um efeito benéfico nos casos de homens que já tiveram o HPV e estão na situação clínica de persistência do vírus (lesões que voltam apesar do tratamento). 


  • Um estudo americano com quase quatro mil homens nessa condição mostrou que as recidivas das lesões podem ser reduzidas em mais de 60%.
Comentário - a latência é comprovada e é um fato científico. A priori deve ser interpretada como um bom sinal da imunidade da pessoa, pois durante anos e anos o vírus está ali e não progride para uma situação em que lesões tornem-se presentes. A latência, além disso, não é uma regra, mas uma exceção do ponto de vista estatístico e médico. Muitas pessoas que se julgam com a presença de um HPV latente, na realidade têm novas contaminações durante a sua vida.

•Ter HPV não é sinal de infidelidade
 


Comentário - a transmissão sem relação sexual propriamente dita é possível. As mãos podem funcionar como veículo de transmissão mesmo que não se consume a penetração. O vírus já foi encontrado em roupas, sabonete e outros objetos de contato com os genitais/lesões. Essas vias, contudo, têm um poder infectante desprezível. O vírus precisa de atrito das mucosas, que por sua vez causa váris fendas microscópicas (micro-traumas) na superfície da mucosa. Ele precisa atingir a camada basal da mucosa. Nessa camada ele consegue entrar na célula e permanece inerte até que essas células vão maturando e migrando para a superfície da mucosa. Nessa fase, durante esse caminho, o vírus se integra ao núcleo da célula. É figurativamente como um terrorista, que entrasse clandestinamente num navio, ainda no porto, ficasse escondido e só dominasse a tripulação e o comando do navio quando esse estivesse afastado da costa (o que figurativamente explica as defesas mais lentas do organismo contra uma lesão tão superficial e longe do sistema imune).

•A infecção por HPV é muito comum na população em geral, cerca de 60 a 80% das mulheres irão contrair o HPV durante a vida, entretanto a maioria não perceberá nenhum sintoma clínico e a maioria vai eliminar o vírus naturalmente.

 
A infecção pelos papilomavírus é transitória na grande maioria das pessoas, regredindo espontaneamente quando o sistema imune está normal num período entre 8 a 15 meses.

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