segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O “G8″ da Pesquisa Médica – uma oportunidade já quase conquistada, sem alarde, pelo Brasil.

Originalmente postado em 15 de Novembro de 2008

Enquanto a crise econômica mundial aproxima cada vez mais o G8 (grupo dos países economicamente mais ricos e desenvolvidos) do G-20 (grupo dos paises emergentes e em desenvolvimento) e onde o Brasil esperneia para ver suas teses e decisões acatadas pelos países do primeiro grupo, onde gostaria de estar, na área da Saúde, principalmente da pesquisa, o nosso país pode se dar por satisfeito e tem a comemorar.

Explica-se

Num recente editorial da revista médica Lancet, do dia 1 de novembro de 2008, discorrendo sobre o estado da pesquisa em saúde pelo mundo todo, o Brasil faz parte da sugestão de um similar ao G8, o R8 ( de Reseach – pesquisa em inglês) ao lado dos Estados Unidos com o seu
NIH (National Institutes of Health – Institutos Nacionais de Saúde), o Reino Unido com Wellcome Trust, um fundo não governamental estabelecido por Henry Wellcome em 1936 com um volume de 15 bilhões de libras esterlinas, a França com o CNRS/INSERM (Centre National de la Recherche Scientifique/ Institut National de la Santè et de la Recherche Médicale), instituições públicas, só o CNRS com um budget de 3,7 milhões de Euros; a Índia com o Indian Council of Medical Research, a China com a Chinese Academy of Sciences, o Brazil através da FIOCRUZ (Fundação Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro); a África do Sul com a sua unidade do MRC (Medical Research Center) e um virtual “instituto comparável” do Oriente Médio (o que agora, provavelmente, já deve estar nas pranchetas de técnicos pagos pelos magnatas dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, etc, e/ou por Israel (numa joint-venture do Middle East, numa visão idílica e sonhadora de um mundo perfeito).

Bem representado pela FIOCRUZ, o Brasil ainda tem no mesmo quilate entidades como o Butantã, a FAPESP, USP, UNICAMP entre outros.

Fato concreto

O editorial do The Lancet noticia que entre 16-19 de novembro desse ano, em Mali, países do mundo inteiro estarão reunidos no Global Ministerial Forum on Research for Health na cidade de Bamako.

Pauta : pesquisa para saúde, desenvolvimento e equidade/igualdade.

Os antecedentes mais recentes dessa reunião repousam na reunião dos ministros de saúde de 58 países, num encontro realizado no México em 2004, quando se estabeleceu como landmark o conceito de que a pesquisa de alta qualidade pode melhorar o status de saúde das populações de forma eqüitativa. Nessa mesma conferência reconheceu-se formalmente a necessidade de fortalecer os sistemas nacionais de pesquisa em saúde; estabelecer e implementar políticas nacionais de pesquisa na área e dar suporte à implantação de políticas de saúde pública e sistemas de saúde (inclusive privados) baseados em evidências. Para isso ficou formalmente recomendado e compromissado pelos signatários o aumento dos fundos de pesquisa, a capacitação das instituições voltadas ao assunto e o desenvolvimento de conhecimento.

Por outro lado o editorial aponta alguns gaps que atravancam essa ordem natural de desenvolvimento, qual seja a responsabilidade das Instituições de pesquisa e os programas públicos de demonstrar, claramente, que a alocação de recursos para as pesquisas que elas patrocinam realmente beneficiam as suas comunidades. Recursos esses recebidos muitas vezes aos montes de organismos mundiais, aos bilhões de dólares como os oriundos do Fundo Global contra a AIDS, Tuberculose e Malária.

Aqui temos um lado perverso das Instituições de Pesquisa X Agências de Fomento X Poder Político X Instituições / investigadores privados.

A pesquisa em saúde envolve o longo prazo, demanda investigadores seniores e muitas vezes não atende à necessidade dos políticos de resultados imediatos e visíveis. No aspecto inter-institucional as mazelas podem ser ainda piores, pois valendo-se de influências e amizades, os critérios de contemplação de pesquisas inscritas nos órgãos de fomento nem sempre têm uma seleção clara e isenta. Até mesmo instituições imaculadas não estão a salvo de investidas de disfarçada má-fé, para propósitos de marketing, favorecimento pessoal e privado, leia-se aqui algumas ONG’s e mesmo outras “Entidades” e “Institutos” , disfarçados braços de puro interesse econômico e pessoal, travestidos como “Virgens de Vestal”, procurando a todo custo transferir eventual excelência em outras áreas de atuação, mormente na área privada e assim procurando legitimar-se de carona nos recursos públicos, sem nenhuma contrapartida social sem fins lucrativos.

Para quem quiser saber mais:
http://www.bamako2008.org

http://who.int/rpc/summit/agenda/en/mexico_statement_on_health_research.pdf

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