segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vacina HPV - quem deve ser vacinado?

Originalmente postado em 11 de Setembro de 2009

Alguns leitores enviaram várias questões sobre o uso da vacina quadrivalente contra o HPV no sexo masculino.
Embora eu esteja preparando um artigo mais extenso e completo sobre o assunto, valem algumas dicas e conhecimentos:

A vacina é preventiva e não curativa.
Os índices de anticorpos desencadeados nos rapazes até 15 anos são até um pouco maiores do que os observados nas meninas.

Não há necessidade absoluta de fazer exame prévio para a vacinação quando indicada, porque a infecção por um dos tipos não invalida a proteção contra os outros três.

Quando alguém se infecta com o HPV não adquire imunidade permanente contra os demais tipos.

Novos contatos sexuais podem gerar novas infecções por tipos diferentes.

“Nunca mais vou sarar?” “Nunca mais vou eliminar o vírus?”
NÃO ! A grande maioria da população em geral (60%) tem contato com os vírus do HPV e os elimina espontaneamente. Uma minoria desenvolve lesões e dentro dessa minoria uma outra minoria entra no que classificamos como doença recorrente, com recidivas (novas lesões). Mesmo esses, por uma questão de tempo, têm uma chance muito grande de “clarear” o vírus, eliminá-lo. O paralelismo que se faz com o comportamento do Herpe vírus não é procedente.

A vacinação idealmente deve ocorrer nos meninos que ainda não tiveram relações sexuais.

“Quanto tempo dura a vacina?” “Tenho que tomar nova dose em 5 anos?”
Isso ainda não está completamente estudado e comprovado. No entanto, mesmo com a queda dos anticorpos ao final desses 5 anos, dados preliminares nas populações que estão sob acompanhamento nos estudos (alguns já com quase 15 anos) mostram que uma eventual exposição ao vírus tem a capacidade de despertar a “memória imunológica”, elevando novamente o nível de anticorpos. Isso ainda é inconclusivo mas o dado é uma constatação animadora e eventualmente não haja necessidade de uma nova dose de vacina após 5 anos ( efeito”booster”).

“A vacina contém vírus vivo ou morto, atenuado?”
Não, as vacinas utilizam uma proteína praticamente comum aos diversos tipos de HPV para estimular o sistema imunológico contra essa proteína e por tabela ao vírus que a produz precocemente. A proteína além disso é sintetizada por engenharia genética. Uma das vacina utiliza uma levedura (que é usada para a fabricação da cerveja) modificada para produzir a tal proteína que depois é adicionada de outras substâncias estimulantes da resposta imunológica.

“E os outros tipos de HPV?”
Quando dos estudos iniciais e até o presente momento se investiu nessa terapia o alvo sempre foi prevenir o câncer de colo do útero (principalmente causado pelo HPV 16 e HPV18), além das verrugas causadas pelo HPV 6 e 11 (esses últimos praticamente sem potencial oncogênico). Sabe-se, também do acompanhamento dessas populações distribuidas no mundo todo (estudos multicêntricos) que existe um grau menor de proteção (anticorpos) cruzada com outros HPVs “próximos” dos tipos alvo.
Essa proteção não é total e ainda não foi definitivamente mensurada e testada clinicamente sob o ponto de vista de proteção clínica. Mas é outro dado animador.

“Se no homem o HPV não causa câncer, qual o benefício da vacina?”
Os HPVs de comportamento mais agressivo, também conhecidos como de alto risco, podem causar outros tipos de câncer, sobretudo, o câncer anal e também o câncer da região da laringe e esôfago.
No pênis o HPV associado a outros fatores, notadamente, higiene precária, podem favorecer alguns tipos de câncer de pênis. A circuncisão é extremamente protetora nesses casos, notadamente quando realizada na primeira infância. Além disso, o homem desleixado nesse aspecto é um “reservatório” e “vetor” do vírus (transmissor). Um ponto final, ainda a considerar, é que o homem também pode apresentar a doença verrucosa (condiloma acuminado) que pode assumir proporções não desprezíveis e com consequências facilmente previsíveis na sua vida sexual.

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