segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - mais um amigo que se vai.

Originalmente postado em 16 de Julho de 2009

No último dia 1º de julho de 2009 a Medicina perdeu um membro ilustre na área da Ginecologia/ Mastologia.

O Dr. Pinotti, como os que privavam do seu relacionamento científico e acadêmico, foi uma pessoa de grande atividade em seus 74 anos de vida.

Primeiro professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, foi também seu diretor, além de reitor da UNICAMP.

No Departamento de Tocoginecologia da Unicamp foi o pioneiro da criação de uma estrutura modelar e exemplar para os Programas de Prevençâo do Câncer de Colo Uterino e de Mama. Trouxe inúmeros colegas médicos de renome do Cone Sul nos, assim chamados, “anos de chumbo” de países como o Chile e outros da América do Sul.

Á frente da Reitoria da UNICAMP teve o mérito de expandir, quase triplicando, a sua área física no campus de Campinas e, talvez o maior feito, ter concluído o Hospital de Clínicas daquela Universidade.

Nessa época, eu já era graduado em Medicina por aquela Universidade e , como sextanista anteriormente e depois como médico-residente tinha assento, eleito em ambas as vezes, no Conselho de Administração do HC-Unicamp.

Pude acompanhar de perto um embroglio que se arrastava há anos com um hospital moderno praticamente pronto com equipamentos e equipamentos trancados em seus galpões e porões por uma divergência/desacordo de pagamentos, entre a Universidade/ Governo do Estado e o consórcio construtor daquele hospital, Hospitalia, ligada a Siemens e várias outras empresas de ponta no fornecimento de equipamentos médicos, com os quais nunca havíamos sonhado quando a Faculdade funcionava na antiga Santa Casa de Campinas/ Hospital Irmãos Penteado, após ter funcionado na Maternidade de Campinas.

Só quem conheceu os meandros que envolveram a ativação daquele hospital, sabe o valor do Dr. Pinotti, abrindo-o quase na marra, onde vários reitores e negociadores anteriormente tinham fracassado.

Já em S. Paulo, onde venceu concurso para Professor Titular de Ginecologia da Universidade de São Paulo, também foi secretário da Saúde no final da década de 1980, quando no estado de São Paulo nasceu o SUDS - Sistema Único e Descentralizado de Saúde, substituindo o modelo do INAMPS, com a rede estadual gerindo os recursos federais da saúde, desvinculados da Previdência Social. O SUDS foi o embrião do SUS e da municipalização da saúde, além de outros princípios consagrados na Constituição de 1989.

Dr. Pinotti tinha posições fortes e se chocava com muitos, inclusive com seus mais próximos, mas nunca deixou de ser umgentleman de aguçada inteligência e refinado humanismo. Cientificamente foi o único brasileiro a presidir a poderosa FIGO - Federação Internacional de Ginecologia e Obstetricia, realizando o único congresso mundial de Ginecologia no Rio de Janeiro, reunindo na época 12.000 médicos participantes do mundo todo.

Tivemos uma convivência profissional por mais de 23 anos, tanto no HC, quanto em sua clínica particular, como urologista consultante, com muitas e muitas passagens e acontecimentos, muitos prosaicos, alegres e tristes e outros muitos relacionados com importantes figuras da Nação, de ontem e de hoje, mercê de sua também ativa militância política e médica concomitante. Talvez um dia isso seja assunto de um livro no futuro.

Fica registrado nosso sentimento pela perda do mestre, amigo e companheiro profissional.

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