segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Novidades no tratamento do HIV/AIDS

Originalmente postado em 17 de Julho de 2008

Engana-se quem acha que o problema do HIV/Aids encontrou o seu “ponto de equilíbrio” e o tratamento resolveu tudo nessa área.
Primeiro existe um descompasso entre o fornecimento de informação do problema às novas gerações que vão chegando. Esse tipo de serviço, de conscientização tem que ser contínuo, pois as populações não são estáticas. Cada dia mais gente aporta à vida quase-adulta e entra na atividade sexual e também, infelizmente, em todos os outros aspectos negativos do nosso cotidiano ( drogas, etc.). Esses jovens não estavam presentes quando das bem elaboradas e fortes campanhas de conscientização a que as pessoas acima de 25 anos estiveram expostas e , assim, foram informadas.

O outro ponto é que vimos um desenvolvimento extraordinário dos medicamentos anti-retrovirais ( o HIV é um retrovírus) que permitiram o tratamento dos soro-positivos, propiciando-lhes um alargamento extraordinário na perspectiva de sobrevida, cada vez mais tempo com menos efeitos colaterias. Mais vida e menos sofrimento.
Mas esses coquetéis vem enfrentando uma parceria implacável: o tempo e a resposta natural do vírus. Quanto mais tempo passa, mais gente infectada fica tratada e o vírus vai tendo a possibilidade natural de desenvolver resistência a uma ou mais drogas que são utilizadas no seu controle. É um mecanismo biológico.

Nesse sentido existem novidades. Chegou ao Brasil o primeiro de uma nova classe de anti-retrovirais com um mecanismo de ação diferente de todos os demais em uso. Trata-se de uma medicação que impede a integração do vírus no DNA e, a partir disso, a sua replicação. Para entender bem o mecanismo de ação é como um navio (células de defesa nossas) em que se infiltram terroristas (vírus) e num dado momento tomam de assalto a ponte de comando ( DNA ) ali se “integrando” e tomando conta do barco, explodindo-o e saindo para novos ataques ( replicando-se).
O novo medicamento Ratelgravir (Isentress da Merck, MSD) impede a integração do HIV ao DNA e assim bloqueia a replicação viral. Já liberado pela ANVISA, o medicamento pode atender os casos de resistência aos demais anti-retrovirais.
Mas nem todo mundo tem feito a sua lição de casa nesse assunto !
As campanhas de prevenção perderam muito da sua força. E as próprias pessoas insistem em comportamentos inadequados com relação a essa prevençao, o que, sem dúvida, é muito pior.

Existem duas contas a pagar importantes nesse “imbroglio” todo, que não param de crescer . Uma delas é a do tratamento dessa legião de pessoas. A estimativa mais recente é de que existam 40 milhões de pessoas infectadas no mundo.
Novos quatro milhões de pessoas por ano se contaminam.
Três milhões é o número dos que morrem da doença a cada ano.

Saldo grosseiro sem se considerar outros eventos: 1 milhão de infectados/ ano a mais, a se incorporar nos 40 milhões iniciais.
Falamos aqui de um custo financeiro importante à sociedade e aos países.
Mas o que pega mesmo é a segunda conta, aquela individual de sonhos desfeitos, de expectativas que se evaporam, de talentos convertidos em doentes crônicos. De vidas que levam um tempão para se recuperar do abalo sofrido, mesmo que possam, hoje ser tratadas.
A conta de milhares de vidas anônimas que poderiam ter sido escritas de outro modo.

Para essa conta não há dinheiro que pague, nem que conserte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário