segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Melatonina e distúrbios do sono.

Originalmente postado em 3 de Dezembro de 2008

A revista médica “The Lancet” publicou um trabalho relatando como promissora uma nova droga para tratamento dos distúrbios de sono, que a imprensa leiga noticiou como capaz de evitar a insônia do “jet lag” e após plantões de trabalho. A medicação é o tasimelteon, um equivalente do hormônio melatonina produzido pela glândula pineal em nosso organismo.
A glândula pineal, localizada bem no meio das nossas estruturas cerebrais mais nobres, já foi objeto de muita especulação e as mais variadas interpretações místicas imagináveis.
Cientificamente a glândula produz a melatonina, um hormônio com muitas ações relacionadas com o ciclo do dia/noite (ciclo circadiano) através da quantidade de luz que estimula a retina e por vias nervosas complexas (células ganglionares da retina - região hipotalâmica anterior, núcleos supra-quiasmáticos - conexões para a coluna intermédiolateral da medula espinal - gânglios cervicais superiores - glândula pineal).

Ao atingir a glândula, essa então é capaz de desviar o metabolismo da serotonina cerebral para o metabolismo da melatonina. Essa última apresenta como principais funções: a inibição do eixo hipotálamo-hipofisário (um complexo de estruturas que produz uma série de hormônios que controlam outras glândulas e outros hormônios, como os ovários, testículos, tireóide, etc); a indução do sono; analgesia; atividade anti-tumoral, eliminação de radicais livres e retardo do envelhecimento. Todas essas funções têm implicação no ritmo de sono e de todos os sistemas biológicos com variação relacionada ao dia e a noite e também com as estações do ano, com maior e menor insolação, o que explica, inclusive, o comportamento sexual mais acentuado nas estações mais luminosas em praticamente todas as espécies animais ( primavera e verão).

Ocorre que o papel de neuromodulador não está completamente esclarecido. As pesquisas mais sérias e em maior volume têm dado atenção ao uso da melatonina nos distúrbios de sono em crianças, um problema sério.

Seu uso contudo não é totalmente isento de complicações e efeitos colaterais como cefaléia, naúseas, vômitos, fadiga e alterações gonadais não totalmente conhecidas a longo prazo, principalmente em crianças pré-púberes.

Por esses e por outros aspectos não existe um horizonte próximo do uso de medicamentos a base de melatonina ou similares nos casos de insônia e mesmo com finalidades hedonístas ( radicais livres & retardo do envelhecimento). Na Europa e nos Estados Unidos esses medicamentos não têm liberação oficial, são clandestinos.

O que se pode utilizar desses conhecimentos, principalmente para as pessoas mais idosas, é aproveitar a luz solar, direta ou indiretamente, com os devidos cuidados na primeira opção, no sentido de estimular a produção natural desse hormônio que naturalmente decresce com a idade.

Luz também é vida.

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