terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pílula do dia seguinte – o que você precisa saber sobre isso.

Originalmente postado em 18 de Janeiro de 2010

Existem muitos métodos anticoncepcionais em uso atualmente.
Alguns são temporários e outros são definitivos.

Os definitivos envolvem as duas cirurgias comuns com essa finalidade: a vasectomia no homem e a ligadura de trompas na mulher. São métodos de esterilização. Ambos são reversíveis, mas têm um grau importante de irreversibilidade (i.e., nem sempre se obtém sucesso na reversão deles).

Já os métodos temporários incluem o uso do preservativo ou condom (sinônimos para a popular “camisinha”) e os anticoncepcionais orais (a famosa “pílula”).

Geralmente as pílulas são tomadas diariamente fazendo com que a mulher esteja constantemente protegida contra uma gravidez indesejada e fora de hora.

Outros métodos incluem os DIUs (sigla para dispositivo intra-uterino) que literalmente exercem um papel mecânico dentro do útero e, mais modernamente liberam pequenas doses de hormônios por até vários anos impedindo que uma gravidez aconteça e se instale no útero. Os DIUS são pequenos artefatos de formas variadas mas que geralmente são duas pequenas hastes plásticas formando um “T” de poucos centímetros no comprimento e largura e que têm um fio de nylon na sua ponta inferior (haste vertical mais longa do “T”) que fica para fora no canal cervical, a “saída” do útero que fica no fundo da vagina.

Existem também métodos de depósito que podem ser aplicados debaixo da pele ou as famosas injeções que podem ser mensais ou trimestrais.

Cada método tem suas vantagens e aplicações. A anticoncepção hoje é um procedimento médico que leva em conta uma série de características pessoais, idade, necessidades, estado hormonal, situação ginecológica individual, etc. Não é uma “receita de bolo” que pode ser reproduzida por todo mundo. Isso fica fácil de entender pela grande variação dos componentes e doses das várias pílulas existentes no mercado.

Outra coisa que existe para as emergências é a anticoncepção chamada pós-coito ou de intercepção. É a famosa “pílula do dia seguinte”. Ela está indicada para evitar uma gravidez indesejada após um único coito desprotegido ou em que tenha havido um rompimento do preservativo.

Tem especial indicação nos casos de estupro.

Pode-se utilizar uma pílula especial (que contém hormônios em grandes doses, diferente da de uso diário) ou mesmo inserir um DIU.

No caso da utilização da pílula especial sua eficácia depende da sua tomada até 72 horas após a relação.

Os hormônios vão agir em diversos pontos e etapas que podem levar a uma gravidez: atingem a dinâmica dos espermatozóides e do óvulo feminino; alteram o endométrio (camada interna do útero que recebe o óvulo fertilizado); inibe a própria ovulação se essa ainda está para ocorrer e altera a função do corpo lúteo (uma região do ovário que regula hormônios próprios dessa fase).

Existem várias “pílulas do dia seguinte”. Isto é, desde produtos específicos, até esquemas envolvendo alguns dias de uso de agentes anticoncepcionais tomados em espaços mais curtos.
Quando se utilizam pílulas não especiais, por exemplo uma de uso diário, é preciso a orientação do médico que vai calcular a quantidade de cada um dos componentes, a frequencia e o tempo de uso.

A falha da pílula do dia seguinte, pode ocorrer em até 1,5% dos casos. Muitas vezes isso pode ser contornado com a monitorização de perto pelo ginecologista ( e mesmo esquemas além de uma dose única). As falhas podem inclusive se relacionar com o uso imediato da pílula numa situação em que a ovulação ainda não ocorreu (o que indica a necessidade de orientação, caso a caso, para uma situação de emergência como essa).

O uso da “pílula do dia seguinte” não pode ser uma coisa corriqueira, que se possa fazer a torto e a direito.

Em primeiro lugar porque é uma burrice: se a pessoa vai estar exposta a várias relações, regulares e com certa freqüência, deve procurar um método adequado ao seu perfil e utilizá-lo, evitando sustos.

Em segundo lugar, e até muito mais importante, é que a “pílula do dia seguinte” não é inócua. Pode ser para o seu parceiro que não vai sentir nada, mas para a mulher….

Os efeitos colaterais da pílula do dia seguinte são: náuseas e vômitos, cefaléia intensa, tonturas, dor nas mamas (mastalgia) e dor abdominal.

Um outro aspecto importante e que não deve ser confundido nunca é a diferença que existe entre prevenir gravidez e prevenir doenças sexualmente transmissíveis (sigla DST).

Para a primeira já falamos bastante. Se o relacionamento sexual é constante e regular precisa de um método anticoncepcional contínuo que seja seguro para a mulher e também para o parceiro.

O preservativo deve ser encarado como uma proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Precisa ser utilizado do começo ao fim da relação, em todas as relações.

É uma barreira entre a mucosa do pênis e a vagina e não apenas uma barreira entre o útero e o esperma. Note que isso tem uma importância muito grande e é causa de grande confusão entre os jovens. Como método anticoncepcional ele não é dos melhores; como método preventivo contra as DSTs é o melhor que existe.

Num caso, por exemplo de estupro, do ponto de vista médico, utilizamos não apenas a “pílula do dia seguinte”, mas também medidas preventivas contra as doenças sexualmente transmissíveis. Medidas essas que são extremamente agressivas em termos de efeitos colaterais por um período de quase cinco dias.

Você pode ter isso muito bem estabelecido em seus conhecimentos, mas seus filhos podem não saber isso tão claramente.

O grande problema na informação em saúde é a contínua evolução das gerações. Sempre chega gente jovem e as lições precisam começar do “be-a-bá”. Não existe acumulação de conhecimento. Não existe “começo, meio e fim” no esclarecimento e informações de saúde. Um fato recente que mostra dolorosamente esse fato são as estatísticas que voltaram a apontar aumento da transmissão do HIV em homossexuais mais jovens, não atingidos pelas intensas campanhas vistas até há 5 ou 10 anos. Elas diminuíram, a informação escasseou e a transmissão voltou a subir.

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